quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Pintar Vidraças ou Pôr cortinas nas janelas?



         Apelidado de “ônibus rosa”, e em um efeito que parece de dominó, foi aprovado também em Curitiba um projeto que prevê a separação de ônibus exclusivamente para mulheres em horários de pico.
 



 
            O objetivo do projeto é evitar o abuso sexual às mulheres em ônibus, trens e metrôs. Outros estados como o Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, também optaram por esta medida para evitar que alguns homens assediadores se aproveitem das superlotações nos transportes públicos.
            Medidas como essa nos soam como um alívio em meio a tantas formas de violência a que as mulheres são submetidas todos os dias, especialmente nas grandes cidades.

            Mas seria essa a melhor solução para essa questão da violência contra a mulher?

            Será que o melhor não seria simplesmente que os homens respeitassem as mulheres?  Ou melhor, será que não seria melhor ainda, se eu pudesse dizer, “que as pessoas se respeitassem”? Até o fato de eu não dizer a segunda frase, e sim a primeira, já revela um tanto do problema. Sabemos que, em geral, não são as mulheres que se aproveitam da situação dos ônibus e metrôs superlotados para praticar o assédio. Se o fosse, haveriam ônibus e metrôs “azuis” e não “rosa”? (E sem entrar no mérito da questão... Mas...As cores tem sexo?).
            Projetos como esse denunciam a maneira como a sociedade heteronormativa pensa, uma sociedade que ignora as diferenças e que insiste em passar todas as pessoas por uma única “fôrma”, ditando ainda que às vezes sutilmente (como nesse caso) as maneiras como devemos nos comportar e ser. O projeto dos “ônibus e metrôs rosa” não levou em conta as diversidades sexuais. Como ficaria o caso de homossexuais? Teríamos que ter  ônibus de outra cor para se separar os homossexuais?

                Isso lembra uma escola há muito tempo atrás, em que a diretora não conseguindo dar conta de trocar as cortinas porque os alunos as depredavam, optou por pintar as vidraças.

            Essa medida (separar homens de mulheres) é como a “pintura das vidraças”. Quando a escola faz a opção por pintar as janelas, está dizendo na verdade que desistiu dos alunos, falhou na sua função primordial que é a de agente educador e promotor de modificação das realidades. “Pintar vidraças” ao invés de insistir nas cortinas, é como tapar o próprio sol da vida daquelas crianças. Não é só o sol que não entrará mais pelas vidraças, mas a própria oportunidade de mudança de vida.
            Apesar de a mudança de paradigmas milenares (como são os relacionados a gênero) serem muito mais difíceis de ser modificados, se nos contentarmos com medidas "protetivas" que reafirmam a mulher como um ser frágil e incapaz de se defender, e os homens como "predadores" e de instintos incontroláveis, estaremos contribuindo para que se perpetuem e legitimem comportamentos de violência contra a mulher como esses que acontecem nos ônibus e ruas das cidades.
            Fico tentando imaginar qual seria o próximo passo e lembro novamente das escolas por ser um local privilegiado em possibilidade de mudanças. Quem sabe o próximo projeto será voltarmos a separar as classes escolares por sexo. Ou melhor, talvez seja o caso de separar as escolas, dividindo-as em escolas somente para meninas e outras para os meninos.
             Metade dos seres humanos tanto nos transportes públicos quanto no mundo são de mulheres, e a interação sempre irá existir. Se ingenuamente concordarmos com medidas como essa, correremos o risco de ficar com cada vez menores possibilidades de ver a “luz do sol” através das vidraças da vida.
            Esta lógica ainda denuncia a falta de políticas públicas efetivas de enfrentamento ao machismo e a violência sexual contra a mulher. Não é coincidência o fato de que países de cultura sabidamente machista (como Japão, Egito, Índia, Irã, Indonésia, Filipinas, México, Malásia e Dubai) terem implantado esse tipo de projeto.
 
            Não queremos um ônibus seguro e nem uma sala segura especialmente para nós, queremos um mundo seguro. Um mundo aonde existam valores de respeito pela dignidade humana, independentemente se ela é do sexo feminino, masculino ou ainda, independente da sua opção sexual. Sem se importar se é criança, adulto ou idoso. Não importando raça ou credo religioso. Um mundo aonde em todos os espaços exista respeito, liberdade e dignidade. E principalmente aonde possamos circular por todos os espaços sem correr o risco de sermos violentados seja de que forma for, e o que é ainda pior, de sermos culpabilizadas por isso.
           
            Aceitar migalhas como se fossem presentes de natal, é como impedir a mudança e nos conformarmos com o mundo como ele está. É como pintar as janelas e desistir de transformar os comportamentos violentos em outros de paz.

Referências:
·         http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/10/vereadores-de-sp-aprovam-projeto-que-separa-vagao-para-mulheres.html
·         http://busaocuritiba.com.br/aprovado-projeto-cria-onibus-exclusivo-mulheres/
·         Agência Patricia Galvão
 
 
BRIGADEIRO DIET
(Não contém açúcar)

 
 
Ingredientes
  • 1 xícara e 1/2 (chá) de leite em pós desnatado 
  • 1 xícara de chá de água fervente
  • 1 colher (sopa) de margarina light
  • 2 colheres (sopa) de adoçante
  • 3 colheres (sopa) de achocolatado diet
  • 1/2 xícara (chá) de leite desnatado
  • 25 g de chocolate ao leite diet ralado
  • 50 g de chocolate granulado diet 
 
Modo de Preparo
  1. Bater no liquidificador o leite desnatado, a água fervente, a margarina, o adoçante, o achocolatado e o leite desnatado.
  2. Colocar em uma panela e mexer, quando começar a ferver, acrescentar o chocolate ralado e mexer até soltar da panela.
  3. Deixar esfriar, fazer bolinhas e passar no chocolate granulado.